O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o Brasil cobra tarifas altas sobre produtos que importa do país e que seu governo vai “cobrar a mesma coisa” (veja no vídeo acima).
A fala aconteceu durante uma coletiva de imprensa em Mar-a-lago, a primeira desde que foi eleito.
“Nós vamos tratar as pessoas de forma muito justa, mas a palavra ‘recíproco’ é importante, porque se alguém nos cobra… Se a Índia nos cobrar 100% e nós não cobrarmos nada pela mesma coisa… Eles mandam uma bicicleta para nós, nós mandamos uma bicicleta para eles, eles nos cobram 100, 200. A Índia cobra muito, O Brasil cobra muito. Se eles querem nos cobrar, tudo bem, mas vamos cobrar a mesma coisa”, disse Trump.
Durante a campanha, Trump prometeu taxar importados e disse que esse é um caminho para fortalecer a indústria americana e gerar mais empregos. Mas, até hoje, não tinha citado diretamente o Brasil em seu plano de taxação.
As exportações brasileiras para os Estados Unidos atingiram US$ 19,2 bilhões nos seis primeiros meses de 2024, um valor 12% maior que o que foi exportado ao país no primeiro semestre do ano passado.
Antes, as promessas de Trump sobre o tema eram direcionadas aos três principais parceiros comerciais do país: China, México e Canadá.
Segundo a Agência Reuters, o novo presidente prometeu impulsionar a indústria americana ao impor uma tarifa universal de importação de 10% e uma tarifa de 60% sobre as importações chinesas. Ele também ameaçou aplicar taxas de 25% sobre produtos vindos do México e do Canadá, além de tarifas adicionais de 10% sobre produtos chineses, como forma de pressionar esses países a restringirem o fluxo do opioide fentanil e a imigração ilegal para os Estados Unidos.
“As tarifas tornarão nosso país rico”, disse ele nesta segunda.
Comentário sobre guerras
Durante o a coletiva, Trump também falou sobre os conflitos na Ucrânia e Síria.
O presidente eleito afirmou que a Turquia vai “tomar as rédeas” sobre o que acontecerá na Síria, onde rebeldes apoiados por Ancara derrubaram o governo de Bashar al-Assad no início deste mês. Além disso, Trump elogiou o que chamou de “força militar significativa” da Turquia, dizendo que o país “não foi desgastado pela guerra”.
Segundo a Reuters, desde a derrubada de Assad, Washington e Ancara têm mantido diálogos para conter qualquer ressurgimento de militantes do Estado Islâmico na Síria. Os Estados Unidos mantêm cerca de 900 soldados no leste do país como forma de prevenção contra esses militantes. Questionado sobre o que fará com essas tropas, Trump foi vago.
Já sobre o conflito ucraniano, Trump disse que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, deve estar preparado para fazer um acordo com o presidente russo, Vladimir Putin, para encerrar a guerra.
“Isso tem que acabar”, enfatizou Trump.
Questionado se acredita que a Ucrânia deveria ceder território à Rússia como parte de um acordo negociado para encerrar a guerra, Trump evitou dar uma resposta direta, explicou a Reuters.