O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desembarca nesta sexta-feira (29) em Roma para cumprir cinco dias de visita oficial à Itália em que terá compromissos distintos.
No fim de semana, representará o Brasil na cúpula do G-20, evento que reúne as maiores economias do mundo, incluindo países desenvolvidos e emergentes.
Depois, vai buscar as raízes de seus antepassados numa pequena cidade no norte italiano e ainda homenageará os militares da FEB (Força Expedicionária Brasileira) mortos na Itália durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45).
De origem italiana tanto do lado paterno quanto materno, Jair Messias Bolsonaro fará sua primeira viagem oficial ao país de seus antepassados e enfrentará forte oposição.
Estão previstas manifestações – que devem juntar brasileiros e italianos – contra ele em Roma e também em Anguillara Veneta, no norte da Itália, onde receberá na semana que vem a cidadania honorária oferecida pela prefeitura local.
O grande entrave para os protestos, ao menos na capital italiana, é o forte esquema de segurança montado pelo governo italiano, que preside esta edição do G-20. Com a chegada de chefes de Estado das vinte maiores economias, a segurança em Roma foi reforçada – com vários pontos de bloqueio.
As possíveis manifestações – contra diferentes alvos – preocupam as autoridades: no início do mês, em Roma, um protesto contra a adoção do passaporte sanitário terminou em invasão e quebradeira num sindicato. A ação foi promovida por um grupo neofascista que se juntou aos manifestantes contra a vacina.
O Itamaraty ainda não confirmou onde Bolsonaro ficará hospedado em Roma. Uma possibilidade é o palácio Pamphili, sede da embaixada brasileira na capital italiana. Trata-se de um prédio do século XVII localizado na praça Navona, um dos pontos turísticos no centro da cidade, o que facilitaria, por exemplo, os protestos.
Hoje, uma reunião conjunta entre ministros da economia e da saúde dos países participantes abrirá formalmente o G-20. O objetivo é discutir medidas de recuperação econômica e o cenário pandêmico, ainda uma preocupação mundial.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, presente na comitiva brasileira e sob pressão no governo, deve participar do encontro – os países presentes na cúpula em Roma concentram 60% da população mundial e respondem por 80% das riquezas produzidas no planeta.
Já Bolsonaro vai encontrar no final da tarde desta sexta o presidente da República italiana, Sergio Mattarella. Como é um regime parlamentarista, a Itália tem um chefe de governo (o primeiro-ministro, Mario Draghi) e um chefe de Estado, que é Mattarella, cuja função é meramente simbólica.
Bolsonaro fará o que na diplomacia se chama “encontro de cortesia”: o visitante solicita ao chefe de Estado do país que o receba num breve encontro. Segundo a assessoria do Palácio do Quirinale, sede da presidência italiana, não haverá declaração dos dois, sendo apenas uma “oportunidade de fazerem uma foto juntos”.
Além de Bolsonaro, o presidente norte-americano Joe Biden e o chefe das Nações Unidas, o português António Guterres, também passarão – em momentos distintos – pelo palácio para um encontro com Mattarella.
A grande ausência na agenda de Bolsonaro em sua passagem por Roma será um encontro com papa Francisco – que recebe hoje Biden no Vaticano, o segundo presidente católico da história dos EUA. O pontífice não participa do G-20.