Conheça a história da Tenente Rebeca, a única policial mulher da BEPMotos na Paraíba

A tenente da Polícia Militar, Rebeca Lopes de Souza Barros tem apenas 29 anos, mas já faz história na sua profissão. Ela é a única mulher das Rondas Ostensivas Táticas com apoio de Motocicletas que atua no serviço de rua. Respeitada e admirada pelos colegas, Rebeca é inspiração em um mundo em que o sexo ainda define profissões. Mas ela não se preocupa com isso. “É uma satisfação enorme quebrar barreiras de preconceito e abrir portas para que outras mulheres se inspirem a entender que lugar de mulher é onde ela quiser”, destaca.

Essas barreiras começaram a ser quebradas ainda na infância. Com mãe professora e pai produtor rural, Rebeca nasceu na cidade de Mãe D’Água, no Sertão da Paraíba. Quando criança, começou a nutrir uma paixão e encanto pelo xadrez. E foi a partir dele que seguiu com as suas escolhas.

Ganhou diversos torneios de xadrez. Em competições estaduais e nacionais, Rebeca estava presente, muitas vezes sendo a única mulher da equipe. Com a experiência, ainda na adolescência saiu da cidade natal para estudar em João Pessoa com uma bolsa de estudos e ensinar xadrez para meninas.

Em 2009, passou no vestibular para Educação Física, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Mas, ainda na graduação, aceitou um conselho do irmão e prestou novamente o vestibular, dessa vez para o Curso de Formação de Oficiais (CFO) da Polícia Militar, onde foi aprovada em 2010 e seguiu carreira policial. “Foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida, pessoal e profissionalmente falando”, destaca Rebeca.

Em 2014, como aspirante, foi trabalhar no Distrito Integrado de Segurança Pública, no setor da praia de João Pessoa. Em 2015 se tornou sub-comandante e, no mesmo ano, foi para a sede do 1ª Batalhão da Polícia Militar.

Chegou na ROTAM em 2017, atuando nas comunidades. Mas nem tudo foi tão simples. Já foi vítima de machismo e precisou lidar com a situação. “Em algumas situações o fato de ser mulher gera uma desconfiança na capacidade do trabalho, pelo estigma da fragilidade feminina. A situação que mais me marcou foi quando cheguei na Rotam. Um dos policiais que já estava lá há dez anos disse que não se sentia confortável em trabalhar comigo pelo fato de eu ser mulher e, segundo ele, não pode ajudar”, conta a tenente.

Para Rebeca, a busca pela igualdade, princípio e valor constitucional deve ser constante. “Nós, mulheres, devemos ocupar todos os espaços na sociedade em igualdade de proporção”, destaca.

Hoje, Rebeca é policial militar, estudante de medicina e inspiração para muitas mulheres.

Célio Martinez