Em oito de dezembro de 1900 nascia no sítio Riacho do Cipó, atualmente município de Santa Terezinha (PB), Odilon Nunes de Sá, que anos depois ficaria conhecido como um dos maiores poetas e repentistas do Nordeste.
Filho de Celso Nunes de Sá e Maria Nunes do Espírito Santo, aos 13 anos de idade perdia o seu pai e a partir daí começava a trabalhar para manter o sustento da família composta pela sua mãe e mais cinco irmãos todos menores. Apesar de ser um gênio em fazer versos, ele estudou apenas até o quarto ano primário. Trabalhando na agricultura o jovem talento aprendeu a tocar sanfona de oito baixos, sempre alegrando com a sua arte e aproveitando para ganhar alguns tostões para ajudar a família.
No ano de 1936 já com 35 anos, o jovem começou a tocar e a cantar apresentando-se em feiras da região. Tinha uma admiração pela poesia na qual começou a trilhar o caminho dos versos. Mudou-se para o estado da Bahia e continuou fazendo as suas apresentações, nessa época já se apresentava como repentista, naquele tempo fez um desafio de viola com Manoel Campina, bastante famoso naquele estado. Três anos depois retorna ao Vale das Espinharas casando-se com Maria Camboim Nunes de Sá com quem teve onze filhos [Natividade, Luís, Conceição, Celso, Moisés, Raimundo, Socorro, Fátima, Terezinha, Arimatéia e Geraldo (em memória)], sempre trabalhando na agricultura e com apresentações culturais. Ele apresentou-se em várias capitais brasileiras, por exemplo, João Pessoa, Recife, Natal, Curitiba, Fortaleza, Belém, Salvador e São Paulo. Participou de vários programas de rádio nas cidades de João Pessoa, Campina Grande e Patos, na Paraíba.
Odilon foi vereador no município de Santa Terezinha. A sua esposa foi vice-prefeita do município ao lado do ex-prefeito José Afonso Gayoso Filho. Atuante na cultura e na poesia, dois dos seus filhos trilharam esses dois caminhos: Moisés Camboim poeta que apresentou-se em vários lugares e realizou vários congressos de violeiros na cidade e Arimatéia Camboim que seguiu pela política, sendo prefeito de Santa Terezinha no período de 2013 a 2016 retornando ao comando do município para o mandato de 2020 à 2024.
Poeta popular de um grande talento, Seu Odilon tinha uma memória rica que destacava-se no repente. Além de cantar, ele também escreveu vários livros: A Grandeza das Plantas e o Valor da Criação; Detalhe de um Poeta; Vida, Destino e Sorte e Outros Poemas; O Silêncio e a Poesia. Em 1995, o escritor e advogado Solano Mota Alexandrino escreveu o livro: Grandes Momentos de Odilon Nunes de Sá, com algumas poesias de Odilon Nunes de Sá. O lançamento do livro ocorreu no Patos Tênis Clube. No mesmo ano Odilon foi homenageado pelo Governo do Estado do Ceará.
Veja os livros
Seu Odilon faleceu em 16 de maio de 1997, na cidade de Patos. Antes de entrar na eternidade, ele ainda conseguiu deixar a seguinte poesia:
Retalhos da minha vida
Está sendo retalhada
A minha pobre existência
A força e a resistência
Não estão valendo mais nada
Deixando a minha jornada
Sem entrada e sem saída
Com a idade crescida
Meu tempo está se vencendo
Para onde olho estou vendo
Retalhos da minha vida
xxx
Minha graça diminui
Na crença dos anos meus
Ainda dou graças a Deus
Estar mostrando quem fui
Meu gênio ainda possui
Uma lembrança florida
E a morte é tão atrevida
Que os anos vão se passando
E ela calada juntando
Retalhos da minha vida
xxx
Morro queira ou não queira
Pois nasci foi pra morrer
Mesmo não posso vencer
Essa morte traiçoeira
A morte é uma ladeira
Que eu canso na subida
Esmoreço na descida
Não tenho mais onde me bote
Aí ela enche um pacote
De retalhos da minha vida
xxx
A morte é uma sentinela
De longe, me faz faz afronto
Que em nosso primeiro encontro
Eu tenho que ir com ela
Com vela ou sem vela
No claro ou na treva
Dessa vez ela me leva
Fazendo a vontade dela
Odilon Nunes de Sá é um dos filhos ilustres da Princesinha das Espinharas. Ele foi homenageado com uma estatua em uma praça da cidade.
A sua bisneta, Lara de 11 anos, fez homenagem ao bisavô recitando alguns dos seus poemas, escute:
O Portal Santa Teresinha teve acesso a uma relíquia, gravações de apresentações do saudoso poeta, ouça: