“Esse último ato me mostra que o presidente não me quer no cargo” desabafa Moro ao deixar Ministério da Justiça

Imagem: Walla Santos

Durante coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (24), Sérgio Moro lembrou a sua atuação na Operação Lava Jato e destacou que deixou de ser juiz federal para assumir o Ministério da Justiça, cargo que entregou hoje ao presidente Jair Bolsonaro após exoneração do diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo.

O ex-ministro pediu desculpas por fazer coletiva durante a pandemia e destacou que ‘não foi por minha opção’, ao anunciar a demissão.

Moro destacou ainda que não era taxativamente contra a troca no comando-geral da PF, desde que o presidente apresentasse um motivo para tal.

“Não é a questão do nome, tem outros bons nomes para assumir esse cargo. O grande problema de realizar essa troca seria a violação de uma promessa que me foi feita anteriormente, em segundo lugar não haveria uma causa e estaria claro que estaria havendo uma interferência política na Polícia Federal, o que descredibiliza a instituição” pontuou.

“O presidente tem preferência por alguns nomes. Não sei qual ele vai nomear. Mas o grande problema é ‘porque trocar’ e permitir que seja feita a interferência política no âmbito da Polícia Federal” declarou.

Moro ainda disse que Bolsonaro declarou a ele, mais de uma vez que gostaria de ter alguém no comando da Polícia Federal de seu convívio, que pudesse lhe fornecer informações sobre as investigações.

“Esse não é o papel da Polícia Federal. A sua autonomia é um valor fundamental que temos que preservar dentro de um estado de direito” revelou, complementando:

“Sinto que tenho o dever de tentar proteger a instituição, tentei buscar uma alternativa para evitar uma crise política durante a pandemia mas entendi que não poderia deixar isso de lado. Esse último ato me mostra que o presidente não me quer aqui no cargo.”

“De todo modo agradeço a nomeação lá atrás, fui fiel a esse compromisso. No futuro vou começar a empacotar minhas coisas e providenciar minha carta de demissão. Não tenho como persistir com o compromisso que assumi sem que eu tenha como” alegou.

“Vou descansar um pouco, foram 22 anos de muito trabalho, praticamente não tive descanso, então vou procurar mais adiante um emprego e quero dizer que independente de onde eu esteja sempre vou estar à disposição do país” concluiu.

PB Agora