O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo (15) que o general do Exército e ex-ministro Walter Braga Netto tem direito à presunção de inocência depois de ter sido preso no sábado (14) por tentar atrapalhar as investigações da Polícia Federal sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. Contudo, Lula afirmou que ele deve ser “punido severamente” caso seja declarado culpado.
“O que aconteceu essa semana com a decretação da prisão do general Braga, eu vou demonstrar para vocês que eu tenho mais paciência e sou democrata. Eu acho que ele tem todo o direito à presunção de inocência. O que eu não tive, eu quero que eles tenham. Todo o direito e todo o respeito para que a lei seja cumprida”, afirmou Lula.
“Mas se esses caras fizeram o que tentaram fazer, eles terão que ser punidos severamente. Esse país teve gente que fez 10% do que eles fizeram, e que foram mortos na cadeia. Então, não é possível a gente aceitar o desrespeito à democracia, a gente aceitar o desrespeito à Constituição. E não é possível a gente admitir que, num país generoso como o Brasil, a gente tenha gente de alta graduação militar tramando a morte de um presidente da República, do seu vice e tramando a morte do juiz que era presidente da suprema corte eleitoral”, acrescentou.
A Polícia Federal prendeu Braga Netto pouco mais de três semanas depois que o indiciou por envolvimento em uma suposta tentativa de golpe de Estado.
A corporação identificou que o general teria tido uma participação mais ativa do que o imaginado no suposto esquema, ao ponto de financiar as ações das pessoas envolvidas no plano.
A defesa de Braga Netto diz que “com a crença na observância do devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução às investigações”.
Alta médica
Lula fez as declarações depois de ter recebido alta médica do hospital onde estava internado em São Paulo. Na semana passada, ele passou por três procedimentos, entre eles uma cirurgia de emergência na cabeça para drenar uma hemorragia intracraniana.
Os médicos também fizeram uma intervenção para reduzir as chances de o presidente apresentar novos sangramentos no crânio no futuro.
Lula vai deixar o hospital ainda neste domingo, mas vai permanecer em São Paulo ao menos até a próxima quinta-feira (19), quando será realizada uma tomografia de controle para reavaliar o estado clínico.
Segundo o cardiologista Roberto Kalil, Lula poderá voltar a Brasília a partir de quinta, caso o resultado do exame esteja de acordo com o esperado pela equipe. Ele explicou que o presidente deverá manter repouso relativo por cerca de 15 dias, mas que poderá retomar a rotina de trabalho “normalmente”.
“Ele terá algumas restrições nos próximos 30 dias, como de atividade física e viagens internacionais”, acrescentou Kalil.
Presidente se emocionou
Após receber alta, Lula afirmou que está bem e que vai voltar para casa “tranquilo”. Em entrevista coletiva ao lado da primeira-dama Janja e da equipe médica, ele deu detalhes do acidente doméstico em que bateu a cabeça. O presidente se emocionou ao falar sobre a gravidade do caso.
“Estava sentindo meus passos mais leves, com os olhos vermelhos, com muito sono. Quando fui no médico às 6 horas da tarde, viram a tomografia e ficaram assustados. Pediram para eu vir urgente para São Paulo”, afirmou.
Lula contou como foi a queda que o levou a bater a cabeça. “Estava cortando as unhas das mãos. Eu já tinha cortado minha unha, já tinha lixado minha unha. Quando fui guardar o estojo, ao invés de levantar e abrir a gaveta, eu tentei afastar meu bumbum do banco. O banco era redondo, meu bumbum não levitou, eu caí e bati com a cabeça na hidromassagem”, relatou.
