O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta sexta-feira (24/12), a postura do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em relação à vacinação de crianças. O chefe da pasta voltou a dizer que não há pressa para imunizar a faixa etária de 5 a 11 anos contra a covid-19 e que o número de mortes de crianças está “dentro de patamar aceitável”. O petista chamou a declaração de “absurda” e defendeu a Anvisa — alvo de ataques por conta da imunização.
“Às vésperas do Natal, o ministro da Saúde faz uma declaração absurda que parece de Herodes, enquanto cria obstáculos para a vacinação de crianças. O presidente da Anvisa tem razão ao querer proteger a instituição, a ciência e as crianças na pandemia, respeitando o bom senso”, disse o petista no Twitter.
Na noite dessa quinta-feira (23/12), o governo federal afirmou que irá recomendar a autorização da vacinação de crianças, desde que estas tenham prescrição médica para tomar o imunizante. A novidade veio no mesmo dia em que a pasta abriu uma consulta pública para avaliar a inclusão do grupo pediátrico na campanha de vacinação contra o novo coronavírus.
“O documento que vai ao ar (na consulta pública) é um documento que recomenda o uso da vacina da Pfizer nessa versão aprovada pela Anvisa. A nossa recomendação é que essa vacina não seja aplicada de forma compulsória. Ou seja, depende da vontade dos pais. Os pais são livres para levar os seus filhos para receber essa vacina. E essa vacina estará vinculada a prescrição médica, e a recomendação obedece todas as orientações da Anvisa”, disse Marcelo Queiroga.
Recentemente, o ministro afirmou que não há pressa em aprovar a indicação do imunizante para crianças. “Após o dia 5 (de janeiro) haverá o posicionamento do Ministério da Saúde, que será fundamentado de acordo com normas técnicas. A pressa é inimiga da perfeição. O principal é a segurança”, disse.
Queirodes
Por conta das declarações sobre a vacinação de crianças contra covid-19, o ministro Queiroga recebeu nas redes sociais nesta semana o apelido de “Queirodes”, em referência ao personagem bíblico Herodes, rei tirano que mandou matar bebês em Belém —atual Palestina.
Anvisa ameaçada
A Polícia Federal anunciou a abertura de inquérito para investigar as ameaças contra a diretoria técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os ataques aumentaram desde que o órgão liberou a vacinação contra a covid-19 para crianças de 5 a 11 anos. A apuração está sob a responsabilidade da Superintendência do Distrito Federal.
Integrantes da agência receberam e-mails com mais ameaças de agressões. Servidores relataram temer pela própria vida. “Eles dizem que não vamos viver em paz”, contou uma funcionária, que preferiu não se identificar por questão de segurança. Ela também criticou a demora das instituições acionadas em preservar a integridade dos servidores.