A apresentação feita por representantes da Sudema não teve a esperada explicação técnica e não convenceu quem participou da Audiência Pública realizada na noite dessa quarta-feira (17) na Câmara Municipal de Patos para debater sobre o meio ambiente e o tratamento de resíduos sólidos, em especial o aterro sanitário em São José do Bonfim, que foi requerida pelo vereador Zé Gonçalves (PT).
Sem as explicações que mostrassem que a construção do aterro não contaminariam os mananciais próximos, às explanações da Sudema inquietaram ainda mais quem estava presente ao encontro. A preocupação é maior porque o empreendimento já teria parecer favorável da Sudema e aprovação do Conselho de Proteção do Meio Ambiente.
Estariam em risco o Açude Tubarão, o Riacho dos Mares, o lençol freático, as famílias moradoras daquela área, e consequentemente um dos mais importantes mananciais que abastecem Patos, o açude Jatobá.
“Estivemos na área destinada à construção do aterro, na Comunidade Antonica e Assentamento do Tubarão, em São José do Bonfim, e encontramos poços artesianos, dois açudes com distância de 150 e 200 metros do local do aterro e uma comunidade inteira formada por muitas pessoas”, contou. Na opinião de Zé Gonçalves, não há garantias de que os impactos causados no local não contaminarão com metais pesados, aqueles mananciais.
O vereador patoense não descartou a possibilidade de lutar na Justiça para impedir que o aterro seja construído naquele local e venha a prejudicar aquela comunidade e também o município de Patos, com a contaminação do meio ambiente, em especial dos mananciais.
Zé Gonçalves disse que observou que não se pode construir aterro sanitário numa proximidade de mananciais e de áreas povoadas, portanto o local não seria adequado por não corresponder a requisitos técnicos importantes.
Uma reunião será realizada na próxima segunda-feira (22) no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Patos, onde irá discutir o tema com representantes de lideranças sociais, colônia de pescadores, moradores do assentamento tubarão e técnicas interessadas em debater e analisar essas questões.
A construção do aterro sanitário em São José do Bonfim ocuparia uma área de 30 hectares, seriam investidos mais de R$ 10 milhões de reais pela empresa Via Limp Construções e Serviços e o município de Patos pagaria à empresa pelo destinamento do lixo de nossa cidade.
Foi observado também pelo vereador patoense que não foi feita nenhuma discussão naquele município sobre o empreendimento. De acordo com informações da Sudema, uma reunião teria sido feita em Patos e que o presidente da associação dos moradores da Comunidade Tubarão teria participado.
No entanto, moradores informaram que o presidente da entidade mencionada teria falecido há mais de um ano e que a pessoa citada como participante da dita reunião não seria representante dos moradores do assentamento do tubarão.
A presidente da Câmara Municipal, Tide Eduardo, também questionou as informações da Sudema, dizendo que as explanações e as discussões que ocorreram na audiência pública trouxeram mais dúvidas, o que, na opinião dela, necessitaria de mais encontros para discuti-lo.
Além de vereadores, dos secretários do Meio Ambiente e Serviços Públicos de Patos, estiveram presentes na audiência pública, representantes dos catadores, da associação de moradores e de pescadores do entorno do açude Jatobá, representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Patos, cientistas e técnicos em meio ambiente que estão dispostos a continuar a discussão sobre as falhas e possíveis prejuízos do projeto do aterro na Comunidade Tubarão, no município vizinho de São José do Bonfim, que poderá contaminar o açude do Jatobá em Patos.